A maioria dos diagnósticos são visuais e táteis. Como dermatologista, tenho que chegar bem pertinho para examinar com o dermatoscópio ou com a lupa.
A nova realidade trouxe de maneira ostensiva e obrigatória, o uso de óculos de proteção, escudos, aventais e máscaras. O toque somente através de luvas. Abraços apertados em pacientes queridos, nem pensar. O medo é recíproco, acreditem.
Como pessoa e profissional percebi que as mãos viraram inimigas do resto do corpo. É proibido o contato delas com os olhos e a boca, proibido também o contato da mão amiga e da mão profissional.
As doenças de pele continuam, assim como outras de todas as especialidades. Muitas pessoas atrasaram seus diagnósticos e tratamentos devido a este período, isto terá conseqüências de cronicidade e agravamento, no mínimo. Por este motivo parei de atender somente naqueles fatídicos 15 dias. Minha clínica serve de refúgio emocional para mim, meus funcionários e pacientes, que sentem segurança, confiança e continuam seus tratamentos. Atendo muitas pessoas que “fogem” e chegam na clínica super felizes por ser a primeira vez que saem de casa, principalmente os idosos. Seria cômico, mas não é.
Percebi assim a importância de uma relação humana com meus pacientes e suas famílias, de poder oferecer um ambiente seguro e acolhedor, com funcionários comprometidos e tratamentos rápidos para as alterações que vieram com a pandemia, como queda de cabelos, acne e pruridos inexplicáveis, entre outras.
A dermatologia evolui, novos tratamentos surgem, novos equipamentos, muitos congressos e cursos on-line. Nunca esperei viver o que vivo agora, mas descobri que amo mais ainda o que faço.